Os sistemas e aplicativos relacionados com serviços de saúde não são novidade. Os sistemas robustos que atendiam apenas empresas continuam importantes, mas agora dividem espaço com aplicativos e wearables para o usuário final.
Certamente, os professores de educação física, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde não serão substituídos, porém os recursos tecnológicos têm trazido um pouco mais de autonomia para os usuários. Aplicativos e aparelhos de manuseio simples permitem medir da pressão arterial, a frequência cardíaca, realizar cálculos de taxa metabólica, contar passos, distância percorrida e acompanhar metas, entre outros parâmetros. Os maiores benefícios destes dispositivos podem ser obtidos justamente quando há orientação e acompanhamento de um profissional de saúde.
Um segmento da tecnologia e de startups que tem crescido e tem potencial enorme já nesta década que se iniciará em 2021 é das Health Techs. Essas empresas oferecem soluções inovadoras relacionadas à saúde, tendo como principal alvo hospitais, clínicas e planos de saúde. Dentre as soluções mais comuns estão a gestão das empresas (desde clínicas até hospitais), a maior acessibilidade aos serviços de saúde, o prontuário eletrônico do paciente, o acompanhamento remoto do paciente, o marketing médico digital e a telemedicina, que ganharam força nos últimos meses em razão do isolamento social imposto para prevenção da COVID-19.
A inteligência artificial, a biotecnologia (ex. implantes inteligentes para diagnóstico e monitoramento) e outras tecnologias já em desenvolvimento têm potencial disruptivo na área de saúde. Porém, há necessidade de avanços em aspectos mais básicos, que requerem soluções relativamente simples. Um exemplo é a caderneta de vacinação eletrônica, já idealizada em Presidente Prudente, mais ainda não desenvolvida ou implementada.
Outra necessidade é a incorporação de tecnologia às estratégias de prevenção primária de doenças, para haver ampliação de seu alcance e maior eficiência das ações. Esse nível de prevenção é o único que permitirá ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aos planos de saúde suplementar se manterem em atividade ante os incrementos previstos de despesas com o envelhecimento da população e maior número de doenças crônicas, já nas próximas duas décadas.
Um dos caminhos é propagar e conscientizar a população sobre a necessidade da autogestão nos cuidados com a saúde. Para isso, a tecnologia pode auxiliar de diversas formas para que, em médio prazo, os atendimentos, exames e procedimentos em postos de saúde e clínicas diminuam significativamente, assim como o ônus para o SUS e planos de saúde suplementar.
O desafio é pensar em modelos para superar um dos males trazidos à humanidade justamente pela tecnologia, que foi a mudança de estilo de vida para condição de sedentário. Tecnologias de transporte, de comunicação e de entretenimento permitiram gasto de energia (Kcal) diário cada vez menor pelas pessoas, com consequências deletérias cada vez mais visíveis.
Como é impensável o abandono da tecnologia, a saída é reverter seus efeitos, aprimorando modelos já existentes e criando outros tão ou mais eficientes. Lembrem-se que até no ramo dos videogames (Nintendo Wii) se conseguiu o feito de fazer o jogador levantar do sofá para manusear o controle com movimentos corporais mais amplos que o simples apertar de botões.