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A um tempo atrás, estava procurando algo novo pra estudar e me encontrei participando de um curso chamado Friends of Tomorrow, da Aerolito/Perestroika. Nele, ao invés de estudarmos o que já aconteceu, olhamos pra frente, bem lá na frente, aonde futuristas tentam entender as possíveis tendências muitas vezes encontradas nas ficções científicas mais malucas. Nesse curso me senti extremamente intrigado, e até com medo das mudanças na cultura do trabalho. O avanço da inteligência artificial, robótica, nanotecnologia entre outros que cada vez mais tornam tarefas repetitivas em empregos obsoletos.
Por outro lado, algo me deixou esperançoso: teremos mais tempo pra olhar pra dentro, investigar o mais íntimo do ser humano. Buscar significado naquilo que nos torna realmente diferente das máquinas que nos ajudarão no nosso dia a dia. E por isso, lanço a pergunta: “Pelo que você é conhecido hoje?”
Quando penso nisso, lembro logo de cara da minha página no LinkedIn. Investimos um bom tempo colocando as palavras corretas, estudando a melhor maneira de dizermos quem somos, às vezes até “superlativando” ações que na verdade, não tem significado nenhum pra quem somos de verdade. Pensando ainda no avanço exponencial das tecnologias ao nosso redor, precisaremos “provar” que nossas habilidades vão além do que o que um robô poderá fazer. Precisaremos nos tornar cada vez mais humanos. Sermos conhecidos por nossa humanidade enrustida, nosso controle absoluto dos sentimentos, nossa criatividade abundante, nosso apego aos propósitos, nossa dedicação.
Por isso, te pergunto novamente: “Pelo que você é conhecido?” Por ser um perfeito exemplo corporativo? Mais uma peça no exército das empresas? Mais um possível cargo que será substituído por um robô? Se sim, é hora de rever seu currículo. É hora de buscar aquilo te diferencia em um nível humano. Concentrar naquilo que ninguém mais pode fazer além de você. Encontrar uma nova identidade, buscar um propósito que te conecta ao que nos torna mais humano. E o que pode ser mais humano do que errar. Hoje o erro é muito pouco tolerado dentro de empresas em geral. Mas é em cima de erros e mais erros que se construíram muitas das teorias científicas que mudaram o mundo. Foi em cima de vários erros que várias das startups, hoje unicórnios foram fundadas. Foi inclusive com muitos erros que construímos uma sociedade ainda falha, mas que evolui a cada dia e nos dá esperança de um futuro melhor. É hora de voltar a essência de quem somos, e permitir que erremos, mas com a certeza que um dia esse erro vai se tornar um grande aprendizado. Vai nos distinguir como seres humanos, vai agregar no nosso lindo e perfeito currículo que tanto prezamos em mantê-lo assim.
Eu tinha acabado de me formar na faculdade e estava buscando um emprego ferozmente. Me lembro que apliquei para todo processo de trainee possível na chance de alguém me ouvir. Já faziam uns 6 meses que estava nessa busca e fui para o processo final em 3 empresas. Nas duas primeiras perdi o emprego por conta de uma pergunta: “Qual foi o maior erro que você já cometeu?” Não estava preparado nas duas entrevistas porque realmente é algo que não pensamos muito a respeito. Pra última entrevista na última empresa me preparei. Pensei uma semana completa em todos os erros que já cometi na vida, e não foram poucos (como imagino que seja com todos aqui lendo). Mas foi impressionante como pra cada erro surge um aprendizado. Respondi que um dos maiores erros que já cometi foi ter achado que por conta de ter vivido fora do Brasil por tanto tempo, a adaptação de volta ao meu país seria mais simples, mais fácil. Definitivamente não foi. Mas qual o problema com isso? Foi mais uma transição que me ajudou a me tornar quem eu sou. Me ajudou a me diferenciar. Me colocou no meu devido lugar: um eterno aprendiz. Mais pra frente devemos ver mais títulos personalizados no LinkedIn: “Aprendiz da Vida,” “Resolvedor de problemas irresolvíveis,” “Catalisador de soluções inimagináveis,” “Curioso ao Extremo,” “Criativista,” “Simplesmente Humano.”
Pela última vez te pergunto: “Pelo que você é conhecido?” Não seja mais um gerente, analista, supervisor no pool de currículo do LinkedIn. Seja o que te faz diferente.